CRÍTICAS / REVIEWS

TGB  Jazz.pt | Festa do Jazz REPORT por Rui Eduardo Paes

... "Já os Tuba, Guitarra, Bateria de Sérgio Carolino, Mário Delgado e, de novo, Alexandre Frazão estiveram em alto nível. Música daquela só virtuosos conseguem criar, seja pelos difíceis sincronismos e velocidades como pelas abruptas mudanças de rumo realizadas em bloco. Com a tuba, Carolino esteve em permanentes idas e vindas entre papéis rítmicos e melódicos, Delgado usou (e abusou, em certas alturas gratuitamente) a sua pedaleira de efeitos guitarrísticos para entrar nos domínios ora do blues-country-rock, ora de um "prog" eivado de jazz, ora do death metal, e Frazão foi um fabuloso gestor de "beats" e texturas, combinando padrões rítimicos de variadíssimas proveniências. O alinhamento foi o do recente "Evil Things" e ganharam com o factor "live" tanto a performance como a qualidade das composições. Simplesmente magnífico e o segundo abanão do certame." ... RUI EDUARDO PAES

Portuguese Jazz Fest
Pubblicato: April 27, 2011
 
..."Uno dei migliori gruppi del festival è stato TGB ( tuba, chitarra, batteria), un trio straordinario composto dal chitarrista Mário Delgado, Sérgio Carolino alla tuba e Alexandre Frazão alla batteria. Delgado è uno dei chitarristi più inventivi d'Europa nel mescolare rock, jazz, country e influenze mediterranee. Sia accompagnando la cantante di fado Cristina Branco, sia suonando nei gruppi di Carlos Barretto, Carlos Bica e TGB, non manca mai di sorprendere. Carolino è un genio alla tuba. È uno straordinario virtuoso del proprio strumento e ha una vasta varietà di idee stimolanti. Ancora una volta Frazão è stato brillante." 


Riffs & Trides:
TGB
10 de Junho de 2010, 22.00h
Cafetaria Quadrante – CCB (Lisboa)

"TGB (não confundir com o comboio que ligará, um dia, Madrid a Alcochete… ou será ao Poceirão?) significa simplesmente tuba, guitarra e bateria, e é o nome escolhido por uma das mais originais e conseguidas formações da música nacional.
Com dois álbuns brilhantes gravados, o mais novo lançado este ano com o título “Evil Things” (oh yeah, i’m evil too!), os TGB estão longe de constituir mais um trio de guitarra, com a tuba a desempenhar o papel de contrabaixo.
A enorme mais-valia desta formação reside precisamente no facto de prescindir de uma liderança individual clara e teimar em distribuir as tarefas criativas pelos três elementos que a compõem, mesmo sabendo-se das dificuldades de protagonismo geralmente associadas a instrumentos como a bateria e a intimidatória tuba!
Mas Alexandre Frazão e Sérgio Carolino não são músicos vulgares… São dois fantásticos virtuosos dos seus instrumentos que acolhem de braços abertos o desafio, e o levam por mares nunca dantes navegados, levado pelas correntes da sua enorme inspiração e técnica.
Neste trio todos compõem, todos solam, todos contribuem de corpo e alma para a enorme energia transmitida pela sua música, com momentos verdadeiramente sublimes de técnica assombrosa e de rara inspiração.
Poucos trios conseguem exprimir-se com tal veemência no jazz moderno.
À enorme e conhecida versatilidade de Mário Delgado e Alexandre Frazão junta-se a surpreendente irreverência de Sérgio Carolino. O tubista tem talentos notórios e reconhecidos, dentro e fora de portas, no que à música clássica concerne. Mas isto de tocar música improvisada numa tuba, ainda por cima com a fluência exibida neste TGB, não é seguramente para todos!
O trabalho de Delgado é quase uma extensão daquele que desenvolve no trio Lokomotiv, de Carlos Barretto. No entanto este trio é fortemente marcado pela personalidade musical do contrabaixista, o que não sucede aqui. Outro guitarrista tenderia a assumir a liderança desta formação, até pelas limitações melódicas e harmónicas dos outros dois instrumentos. Não foi esse contudo o caminho escolhido por Mário Delgado, um músico que além de uma técnica incontornável possui uma notável capacidade de adaptação aos mais díspares ambientes musicais. Aqui trabalha extraordinariamente, mas sempre para o grupo, nunca em busca de protagonismo fácil. A sua guitarra soa contudo mais dócil neste TGB, quando comparada com o trabalho desenvolvido no Lokomotiv. O som é geralmente mais limpo, numa opção estética que permite à tuba complementá-la frequentemente, partilhando as funções melódicas de um modo mais assumido. A música dos TGB ganha bastante com isso.
Alexandre Frazão é aquele fenómeno que todos conhecemos. A sua busca de padrões, sonoridades e texturas na bateria é incessante e obstinada. Fá-lo com uma riqueza e clareza raras. Tais qualidades são amplamente aproveitadas em projectos com piano, como o trio de Mário Laginha ou de Bernardo Sassetti. Mas aqui deram-lhe rédea solta e este simpático luso-brasileiro de Niterói, revela-se um verdadeiro Mustang, na força, elegância e nobreza com que abraça a tarefa. No TGB Alexandre Frazão vai buscar toda a sua enorme bagagem musical e junta a subtileza textural do trio de Bernardo Sassetti com a energia bruta de Black Dog dos Led Zeppelin! Um assombro de vigor e talento.
Um concerto inspirado por uma das mais talentosas formações do jazz actual, nacional e internacional. Nada menos que perfeito."

CD Review | Revista Jazz.pt (Novembro / Dezembro 2010)
TGB / Evil Things
Clean Feed 2010
Classificação: 4/5
 

"Quando, há pouco mais de meia dúzia de anos, um OMNI (leia-se Objecto Musical Não Identificado) chamado TGB aterrou com estrondo bem no meio do cinzento planeta jazzístico nacional, as ondas de surpresa não se fizeram esperar.
Aos comandos de tão estranho aparelho estavam Mário Delgado, Alexandre Frazão e Sérgio
Carolino. Se os dois primeiros já eram senhores de sólida reputação, o último explodia como tubista de primeira água. Quem procurou determinar a proveniência do dito objecto cedo se enredou num mapa complexo, cheio de coordenadas indecifráveis.
Neste regresso em 2010, o TGB mantém a aposta nessas premissas e volta a surpreender pelo modo, pleno de irreverência e humor, como conjuga, processa e subverte a multiplicidade de referências que lhe serve de inspiração. É deste inclassificável cruzamento estético que nasce a frescura e relevância musical de um dos mais interessantes projectos nacionais. O trio continua a revelar apetência para versões de temas hard-rock dos anos
70 do século passado. Se no disco de estreia foram os Led Zepellin, agora é a vez dos Black Sabbath (bem trabalhada essência de "Planet Caravan") e dos Deep Purple ("The Mule", minuto e meio de energia em estado puro).
"George Harrison" um tributo ao autor de "Here Comes the Sun", bem conhecido das apresentações ao vivo da formação, é um caleidoscópio de sons e atmosferas.
Outros momentos de interesse encontram-se na mais tranquila "Bozzetto's Song" (com Mário Delgado em dobro) e em "Close Your Eyes" (curiosa versão de um tema popularizado por Hank Garland). E há essa improvável - mas bem conseguida - leitura de "Interplay", de Bill Evans. Nota ainda para o humor incandescente de "Aleister Crowley", dedicado ao ocultista britânico que se correspondia com Pessoa. Para os mais puristas mais empedernidos talvez se trate de algo indigesto. Para os outros é uma lauta refeição Musica."
António Branco (Revista Jazz.pt - Novembro/Dezembro 2010).
Sérgio Carolino (tuba); Mário Delgado (guitarras, dobro); Alexandre Frazão
(bateria) + Paulo Ramos (voz)